Os alunos do oitavo ano do Marista estão estudando sobre o Haiti, seus aspectos culturais, geográficos e a imigração para o Brasil, na tentativa de uma vida melhor e de mais oportunidades, principalmente após um tsunami que devastou várias cidades do país, deixando centenas de mortos.
A estimativa do Observatório das Migrações de Santa Catarina é de que tenham vindo cerca de 85 mil haitianos para o país nos últimos seis anos, e pelo menos 10 mil em Santa Catarina como destino final. Entre 2010 e 2014, SC foi a unidade da federação que mais contratou haitianos. Na maioria, são homens, jovens, com ensino médio completo ou superior incompleto.
Para os irmãos Wilto André, de 25 anos e sua irmã Merlande André, de 28 anos, o início foi difícil, principalmente com a língua. Wilto mora em Guaramirim há mais tempo, cerca de quatro anos, por isso se comunica melhor e sua irmã apenas dois. De início a comunicação não foi nada fácil, era uma mistura de espanhol, inglês e francês, mas com a ajuda de um vizinho que traduzia tudo através de um aplicativo no celular ajudou com a língua, já para a Merlande a fala, ainda é um pouco mais complicada.
Wilto explica que conseguiu trabalho no dia seguinte a sua chegada em Guaramirim, já a irmã demorou seis meses para conseguir o primeiro emprego. Hoje eles estão estabelecidos em Guaramirim, e com visto permanente, ela está casada com um brasileiro e grávida de sete meses, e os dois irmãos querem trazer todos os familiares que ainda estão no Haiti, incluindo a filha adotiva de Wilto, de dez anos, uma das sobreviventes do desastre natural.
A conversa entre os haitianos e os alunos contou com muitas perguntas, curiosidades e respostas que vinham de forma positiva, de como eles são agradecidos pelo acolhimento da comunidade e a oportunidade que têm. “O preconceito ainda existe, pela cor e origem, conseguimos ver em algumas pessoas isso, mas a maioria nos recebeu muito bem e até hoje nos ajudam muito. Por isso queremos trazer toda a nossa família para cá”, ressalta Wilto.
A iniciativa do tema veio por meio dos professores Bruno Younes, de História e Alexandre Pinto da disciplina de Geografia, na qual estudam o tema em sala de aula.
